Angie Thomas, O Ódio que Semeias
Até agora, Starr tem conseguido manter as suas duas vidas em harmonia com sucesso. Contudo, o débil equilíbrio entre elas desmorona-se por completo quando Starr assiste ao homicídio do seu melhor amigo de infância, que é negro, às mãos de um polícia branco.
A partir de agora, a sua vida nunca mais voltará a ser a mesma. No meio de um turbilhão de emoções e ameaças, Starr terá de encontrar em si forças para elevar a sua voz e dar a conhecer ao mundo a verdade por detrás da morte do amigo.
Esta é uma história bela e intrépida, com personagens tão credíveis e tridimensionais que, por momentos, me esqueci que estava a ler um livro para adolescentes e não um documentário em prosa. Apaixonei-me por cada uma delas por diferentes razões, e importei-me realmente com o que lhes acontecia e com as decisões que tomavam. Por momentos, também eu vivi com o coração nas mãos, numa realidade desconfortável e dura. Chegou a ser arrepiante!
E não posso deixar de mencionar aquele que será, certamente, o grande ponto forte da história: a mensagem. Não vou aprofundá-la tanto como gostaria, para não revelar alguns pormenores da trama, mas digo-vos que este livro nos transmite lições que realmente importam. O racismo, a discriminação e a ignorância da sociedade, em pleno século XXI, são aqui debatidos com uma mestria que julgava impraticável: tudo através da ótica de uma rapariga que poderia muito bem ser a pessoa que acabou de se cruzar connosco no corredor.
Deixo ainda algumas passagens do livro – frases que, seguramente, levarei comigo para o futuro:
“Desde cedo aprendi que as pessoas cometem erros, e que temos de decidir se os seus erros são maiores do que o nosso amor por elas.“
“Às vezes, uma pessoa pode fazer tudo bem e as coisas ainda assim correm mal. O segredo é nunca parar de fazer o que é certo.“
“De que serve termos uma voz se ficamos calados quando não devemos?“
Espero ter semeado o apetite para esta leitura que não devem, por nada, deixar de experimentar!